Documentário sobre a vida em pequenos espaços
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Nos últimos cinquenta anos, o tamanho médio das residências norte-americanas não parou de crescer, chegando hoje a superar o dobro do valor inicial. Mesmo assim, há um movimento contrário, feito por pessoas que querem morar da maneira mais compacta possível. Kirsten Dirksen é uma produtora de TV que se tornou uma personalidade conhecida nos Estados Unidos por ser a primeira pessoa a documentar esse movimento consistentemente, com vídeos curtos que fizeram muito sucesso na internet. Interessada em mostrar as formas que as pessoas encontram para viver melhor em espaços pequenos, Kirsten emplacou dois vídeos com sucesso viral: um sobre um micro-studio em Manhattan (com 5,5 milhões de visualizações) e outro sobre um apartamento multifuncional em Barcelona (5,4 milhões). Depois desse sucesso, Kirsten chegou até a receber uma proposta para fazer um programa de TV sobre o tema, mas preferiu seguir fazendo filmes à sua própria maneira. Ela já tinha muito material acumulado quando resolveu lançar o longa-documentário “We the tiny house people” (nós, o povo das casas pequenas).
A compilação de visitas e entrevistas tem estilo observacional, em primeira pessoa, mostrando a auto-suficiência e a simplicidade de quem vive em lugares minúsculos e algumas vezes pouco convencionais. Os cortes exploram também narrativas recheadas com drama e humor, que tornam a jornada mais interessante. O material foi compilado a partir de de filmagens realizadas durante cinco anos, nos quais a autora viajou por diversos países em busca dos mais diversos exemplos de moradia compacta.
Além de ser blogueira do jornal norte-americano Huffington Post, Kirsten fundou, junto com seu marido e parceiro Nicolás Boullosa, o site faircompanies.com (que trata de temas ligados à sustentabilidade). Em sua trajetória, quase acidental, Kirsten perseguiu sua atração por esses casos isolados de pessoas que optaram por viver com o mínimo de espaço e criaram diversas maneiras para otimizá-lo. Quem faz essa opção, muitas vezes não está apenas querendo economizar, mas sim viver de uma forma descomplicada e menos consumista. Antes desapercebido pela grande mídia, o “Tiny House People” já é um movimento consolidado, sendo Kirsten uma de suas figuras mais proeminentes, assim como Graham Hill, fundador da empresa Life Edited (de quem já falamos aqui).
A autora detecta que as pessoas que vivem com menos exibem uma certa calma, o que permite fazer um paralelo com o conceito budista de desapego como caminho para a felicidade. Esse raciocínio segue a mesma linha colocada pelo filósofo grego Sócrates há mais de dois mil anos: “o segredo para a felicidade não é encontrado na busca por algo mais, mas no desenvolvimento da capacidade de desfrutar com menos”. É justamente essa a característica comum que Kirsten encontra nas pessoas entrevistadas: “nem todos pensam da mesma forma, mas todos encaram sua decisão de viver compactamente como uma escolha, e muitas vezes como o caminho mais direto para uma vida ‘editada’ e feliz.
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Publicado em: 13/11/2013
Categoria: Arquitetura e cidade