Hortas coletivas em centros urbanos
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De todas as cidades no mundo, Nova York não é exatamente o lugar onde um boom de hortas urbanas seria esperado, afinal é uma cidade muito densa e valorizada, com poucos terrenos livres e alto custo por metro quadrado. Ainda assim, a cidade se tornou líder em agricultura urbana, uma prática que contribui com as esferas social, da saúde, da economia e do meio ambiente.Grande parcela do desenvolvimento da agricultura urbana em Nova York pode ser atribuída ao projeto “Design Trust for Public Space”, que emitiu em 2009 uma chamada aberta para idéias de como melhorar o espaço público de Nova York. Entre as duas vencedoras (selecionadas por um júri independente de arquitetos, especialistas em política, defensores do espaço público e membros do conselho) estava uma proposta de desenvolvimento de agricultura urbana, enviada pela organização sem fins lucrativos Added Value.
A partir desse embrião suriu a organização Five Borough Farm, que fez um levantamento sobre as atividades desse tipo já existentes na cidade e estabeleceu ferramentas compartilhadas para que os agricultores e jardineiros pudessem realizar suas atividades da melhor forma possível e ainda ajudassem a desenvolver recomendações de políticas para tornar a agricultura urbana mais presente na paisagem e nos assuntos da administração da cidade.
Nova York conta hoje com mais de 700 fazendas urbanas para produção de alimentos em jardins de toda a cidade. Em todos os cinco distritos, os nova-iorquinos transformaram terrenos baldios, telhados e os mais diversos espaços em lugares para cultivar alimentos. A agricultura urbana gera uma diversidade de benefícios para a sociedade: renda e economia de recursos, com produtos agrícolas produzidos localmente, captura de águas pluviais, educação ambiental e nutricional, desenvolvimento de habilidades de trabalho e de liderança, compostagem de lixo alimentar e desenvolvimento de espaços verdes em meio à cidade.
Tamanho o benefício econômico que essa prática traz para a cidade, já existe um projeto previsto para 2020 de um prédio de uso misto, chamado “Urban Epicenter”, que terá grande parte de sua área útil dedicada a uma fazenda urbana, vertical, que irá cultivar alimentos e reciclar água de maneira sustentável.
Outro exemplo incrível de agricultura urbana vem de uma pequena cidade na Inglaterra: em Todmorden, os 17 mil habitantes se beneficiam de hortas coletivas espalhadas por diversos locais. A iniciativa surgiu há cinco anos com o projeto The Incredible Edible Todmorden (A incrivelmente comestível Todmorden), que implantou cerca de quarenta hortas coletivas em espaços públicos da cidade que tinham áreas livres: desde o quintal da delegacia até os jardins dos centros de saúde. O projeto incentiva toda a comunidade a cultivar seus próprios alimentos e a pensar melhor sobre os recursos que consome. O assunto é tratado nas escolas locais e ajuda também na criação de boas relações entre a vizinhança. Segundo Pam Warhurst, cofundadora do projeto, “as pessoas querem ações positivas nas quais possam se engajar e, bem no fundo, sabem que chegou a hora de assumir responsabilidades e investir em mais gentileza com o outro e com o meio ambiente”
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Publicado em: 14/02/2014
Categoria: Arquitetura e cidade