Zonas verdes trazem a cultura dos parklets para São Paulo

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Batizada de Parklet, a iniciativa de transformar vagas de carro em lugares ocupados por plantas, bancos e pedestres surgiu em São Francisco, na Califórnia, em 2004. Aqui no Brasil, desde o ano de 2006 ações pontuais criaram “vagas vivas” em diversas cidades, por ocasião da Semana da Mobilidade. Neste ano, no entanto, uma ação com apoio da iniciativa privada implantou em São Paulo duas estruturas provisórias (porém mais sofisticadas), durante o Design Weekend, e conseguiu chamar a atenção de formadores de opinião e veículos de imprensa. As “Zonas Verdes”, rebatizadas com uma analogia às zonas azuis, foram instaladas nas ruas Amauri e Maria Antônia, respectivamente no Itaim e na Consolação.

Diferenças à parte, parklets, vagas vivas e zonas verdes têm o mesmo papel: criar no espaço público da rua uma extensão da calçada, com equipamentos que permitam a convivências de pessoas, em detrimento dos automóveis. Nos Estados Unidos e no Canadá já há mais de 150 unidades, entre fixas e provisórias, espalhadas por várias cidades. Alguns espaços contam apenas com bancos para descanso e plantas, outros incluem aparelhos de ginástica e até wifi livre para os pedestres. Em São Paulo, a iniciativa foi testada durante quatro dias, no mês de agosto, e teve boa aceitação. Durante a 10ª Bienal de Arquitetura, a partir do dia 12 de outubro, é estimada a instalação de 20 novas zonas verdes na cidade, restando o desafio de torná-las permanentes à exemplo do que já acontece lá fora.

Organizado pelo Instituto Mobilidade Verde, o projeto das zonas verdes em São Paulo é uma colaboração entre o coletivo Design OK, o grupo Gentilezas Urbanas e os escritórios H2C e Zoom. Com o objetivo de estimular uma discussão sobre o uso do solo na cidade, a ação foi estruturada em três etapas: o primeiro teste com duas unidades, depois a implantação de mais unidades durante a Bienal de Arquitetura (não confirmadas até o fechamento desta matéria) e um debate com o curador Guilherme Wisnik, e no terceiro momento uma negociação junto à Prefeitura para a adoção de políticas públicas para instalação permanente dessas áreas voltadas para pessoas em espaços anteriormente ocupados por carros.

Segundo Lincoln Paiva, presidente do Instituto Mobilidade Verde, “não há como discutir mais espaço para as pessoas sem discutir a circulação dos automóveis e a mobilidade urbana. Podemos enxergar a Mobilidade Urbana como atividade Fim (que trata de transportar pessoas de um ponto ao outro) ou como atividade meio (a mobilidade urbana como meio de desenvolvimento social). Não basta apenas melhorar o sistema de transporte, nós queremos morar perto do trabalho, da escola, do lazer, queremos poder andar a pé, de bicicleta, poder sentar, conhecer pessoas e viver em comunidade, conviver. O Instituto Mobilidade Verde acredita que só teremos uma cidade mais humana, mais sustentável e mais equitativa, se passarmos a adotar um modelo de Mobilidade Urbana como meio de desenvolvimento social.”